Muitos bateras tem essa dúvida sobre qual a melhor forma de segurar a baqueta, se com matched grip ou traditional grip. Eu procurei estudar a fundo as duas técnicas, então se você também tem essa dúvida, leia o texto até o final que eu vou te explicar direitinho qual a diferença entre essas duas técnicas e qual é a melhor escolha para o seu caso.


O Traditional grip é assim chamado porque era a técnica usada antes mesmo do surgimento da bateria pelos percussionistas que tocavam caixa nas marching bands, aqueles grupos militares de caixa americanos, onde a caixa ficava pendurada no pescoço ou ombro e caída de lado, então por causa dessa angulação, acabava sendo uma posição mais natural e cômoda pra se tocar. Como esses caras foram os primeiros a tocar bateria, acabaram migrando esse grip pra batera mesmo. 

Só que como o posicionamento da batera é diferente, o sentido de tocar nessa posição foi se perdendo e muitos bateras optaram por segurar as baquetas com as duas mãos da mesma forma, o Matched Grip.

Falando assim parece que não tem nenhum sentido tocar no traditional, certo? Mas por que então muitos bateras continuam tocando com essa pegada? Inclusive eu em muitas ocasiões. É porque o Traditional no fim das contas ainda acaba tendo algumas vantagens e desvantagens em relação ao Matched mesmo no kit de bateria, pela percepção de muitos bateras, então vamos entender as vantagens e desvantagens:


Vantagens do Traditional

Proporciona maior conforto, ângulo e facilidade notas fracas, nuances, notas fracas e tocadas com a ponta da baqueta.

O posicionamento natural já fica em um ângulo naturalmente preparado para dar notas fracas, enquanto no Matched essa posição é mais desconfortável e menos natural. Essa mesma posição, e a forma como é dada a movimentação do Traditional, também favorece as nuances, o que eu diria que é o motivo principal dos fãs de Traditional alegarem que a sonoridade do Traditional é mais quente e variada, justamente porque a rotação de punho nos dá a possibilidade mais natural de atingirmos diferentes partes da pele, o que produz uma variedade maior de sons, enquanto no Matchet o som tende a ficar mais constante e estático, também pela movimentação. 

Outra vantagem é a que a posição de up nos dá uma possibilidade bem natural de explorarmos sons com a ponta da baqueta, algo muito utilizado no Jazz, Fusion, Blues e quem toca estilos com um conceito mais Jazzístico, o que é aplicável em muitos grupos de MPB Jazz.



Desvantagens do Traditional

Como desvantagem do Traditional nós temos o posicionamento, angulação e o punch.

Como o Traditional nasceu por conta da angulação da caixa pendurada no ombro, se nós deixarmos os tambores da bateria retos nós acabamos ficando em uma posição desconfortável e pouco natural se quisermos igualar as distância da baqueta em relação ao aro com as duas mãos sem estragar a técnica, como por exemplo caindo com a mão de lado ou caindo o ombro. Então é melhor para saúde do batera, evitando dores, angular os tambores pra conseguir ficar em uma posição mais ereta com uma boa técnica. 

Outro problema, eu diria o maior de todos, é o Punch (notas com mais pressão, notas fortes), porque a posição de Traditional não favorece uma grande angulação para as notas fortes, sendo necessário expandir o grip abrindo as alavancas pra conseguir um maior ângulo, o que no Matched é algo mais fácil de fazer. Isso torna mais difícil também a manutenção de várias notas fortes em sequência. Se você avaliar os bateras que tocam mais rock ou metal usando o Traditional vai ver que eles usam muito braço para compensar essa falta de ângulo, e quanto mais você vai pro lado do surdo menor fica esse ângulo e mais você vai tender a usar braço para ter Punch. Isso não torna impossível tocar um estilo musical com mais punch e constância de fortes, mas exige muito mais estudo técnico para não se machucar, não ter travas e para conseguir tirar um bom som.


Conclusão

Na minha opinião é possível tocar bem qualquer coisa com qualquer uma das duas técnicas, mas o Traditional favorece os estilos com maior nuance, como jazz por exemplo, enquanto o Matched é mais tranquilo para os outros estilos em que se tem uma manutenção de notas fortes e para adaptação na maior parte dos kit de bateria. No geral, pelo meu estilo, eu toco mais com o Matched, mas o legal mesmo é conhecer as duas e optar por conta própria.

No meu curso de bateria Power Hands eu mostro os exercícios sempre com as duas técnicas pra que você possa ter esse conhecimento e aprimorar esse estudo caso queira.

Espero ter ajudado com essa aula, grande abraço!